A interconexão entre os povos está ocorrendo a uma velocidade crescente a cada ano que passa. A pouco mais de cem anos, o indiano Paramahansa Yogananda iniciou suas palestras sobre a filosofia hindu para espalhar a prática da Yoga, pouco conhecida pelo ocidente naquela época. Mesmo assim conseguiu reunir em grandes auditórios mais de 3000 pessoas, em várias cidades americanas para fazer suas palestras, viajando de navio como único transporte de longas distâncias. Nesta época não existia televisão ou internet, e havia grande dificuldade de comunicação. Fico imaginando o esforço para espalhar o anuncio de uma palestra e reunir milhares de pessoas em um só lugar, atingindo pessoas tão específicas, para um assunto oriental desconhecido vindo do outro lado do planeta.

Vinte anos antes Swami Vivekananda apresentou a filosofia do Raja Yoga no Parlamento das Religiões do Mundo em Chicago (1893), despertando o interesse de intelectuais e espiritualistas ocidentais.

Mas, foi apenas nos anos 60 e 70 o boom da yoga no ocidente, através dos movimentos hippie e a busca por uma espiritualidade alternativa. Os Beatles conheceram Maharishi Mahesh Yogi e ajudaram a difundir a Meditação Transcendental e a Yoga.

Hoje, a Yoga está amplamente disseminada no Ocidente, com inúmeras escolas, estilos e variações focadas em diferentes aspectos, como o físico (Hatha Yoga, Vinyasa, Ashtanga) e o espiritual (Bhakti Yoga, Kundalini, Raja Yoga). A prática também se tornou um fenômeno global, com milhões de adeptos e uma indústria bilionária associada a aulas, livros, aplicativos e retiros.

Além da Yoga, a meditação vem sendo difundida dentro dos mesmos princípios orientais da sabedoria dos Vedantas. A ocidentalização do conhecimento oriental demorou, portanto, mais de um século para ser difundido, sem contar os 5.000 anos de sua origem na Índia.

Da mesma forma o Reiki, trazido pelo mestre budista Dr. Mikao Usui, em 1922, após um retiro de 21 dias no monte Kuruma no Japão. Mas foi 15 anos depois que o Reiki saiu do Japão com a terapeuta Hawayo Takata, que iniciou os tratamentos no Hawaii, onde morava. E da mesma forma como a Yoga e a meditação, o Reiki teve uma expansão nos anos 60 e 70 impulsionado pelo movimento da Nova Era e pelo crescente interesse em terapias holísticas. E hoje é bastante conhecido em todo o mundo.

Desta forma, podemos falar de muitas terapias, filosofias e conceitos da espiritualidade e da saude alternativa que demoraram para expandir e foi graças ao desenvolvimento da tecnologia da comunicação, que elas puderam se espalhar e ter acesso à maior parte da população, sem barreiras da distância ou dos controles religiosos ou comerciais.

Hoje observamos que a interação entre os povos se tornou muito rápida, a internet democratizou as comunicações. Vale apenas o interesse e o bom senso de escolher as fontes para os assuntos que quiser, e ele já estará na sua mão. Primeiro vem o esclarecimento por textos e livros, depois assistindo a workshops online, e depois presencialmente, movimentando pessoas em diferentes setores por todo planeta. Desta forma transformamos informações em conhecimento, e o conhecimento em sabedoria, de forma muito rápida, dependendo apenas do interesse e da vontade individual.

Me lembro de ser “rato” de livrarias, quando jovem, em cada cidade que ia, vasculhava todas as livrarias para achar livros antigos ou novos sobre espiritualidade e saude alternativa, e foi se tornando cada vez mais difícil achar este material específico, até o início da internet. Neste momento, quem possuía livros ou artigos difíceis de achar, começou a baixar na rede, compartilhando o conhecimento. Desta forma, o comercio veio para ganhar também, e hoje é um grande mercado. Podemos achar o livro que quisermos comprando online.

Atualmente, toda descoberta é logo disseminada para conhecimento de todos. Se escapar da gaveta de quem segura a informação, já se torna conhecimento público na hora. É o que presenciamos há 2 dias atrás, quando liberaram informações sobre as estruturas que existem abaixo das pirâmides do Egito. Colunas com mais de 600 metros para baixo da terra, e uma complexa cidade subterrânea. A construção das pirâmides que já era difícil de explicar pela ciência, agora se se tornou impossível; e temos que voltar nossos olhos para o céu novamente para compreender que a humanidade não está só há muito tempo. Esse é apenas um exemplo, a história que sabemos de um país pode ser mudada rapidamente nos dias de hoje.

E na velocidade da nova comunicação, a interação entre os povos se faz cada vez mais intensa. E está levando a cultura e os valores de cada povo a todos os cantos do planeta de forma instantânea. O que é importante é termos os filtros necessários para separar o que é verdadeiro, do que é falso; e o que é útil, do que não tem qualquer importância. Porque podemos assimilar com muita facilidade o lixo da cultura de qualquer lugar. As informações podem nos instruir, e ajudar a expandir nossa consciência e nossos horizontes, mas também pode nos levar para a inutilidade e fechar nossa consciencia da realidade.

A interação entre as culturas dos povos nos leva a uma ampliação da visão do que nós somos, que graças a tecnologia hoje está quebrando a barreira da distância e do idioma. Podemos assimilar qualquer assunto de nosso interesse e saber o que acontece em qualquer lugar do planeta, a qualquer momento, sem as limitações e interferências da mídia tradicional.

Profissionalmente também encontramos estas facilidades, consigo atender clientes em terapia holística em vários países, apesar da distância, do idioma e da cultura, aumentando as oportunidades de trabalho, expansão do conhecimento e a conexão intercultural.

A interação entre os povos, e a troca de valores culturais enriquece nossas vidas, e torna a humanidade mais unida, coesa e consciente.

Postado na Revista Aquarela da BTCC (Camara de Comercio Brail-Tailandia)

                                                                                    Marco Antonio Elias